segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Minha Primeira Formatura

Texto escrito em meados de quando minha irmã se formou.


Na verdade, nem era tão minha. Mas eu era o padrinho. Só existe uma pessoa no mundo capaz de me fazer passar por isso, minha irmã. “Tudo bem, vai ter comida de graça”, me disseram. Já passava da meia noite e lá estava eu, sentado na cadeira – porque não se deve se sentar em uma mesa - girando uma taça no intuito de me divertir. Se não fosse por Thriller do tão odiado, por mim, Michael Jackson, eu diria que a banda foi um fiasco. Pera lá, vou explicar qual é a do Michael:

É simples, as músicas do cara são boas, não há dúvida nisso, mas quando ele decidiu morrer – depois de inúmeros escândalos e presepadas – ele interferia em todos, sem exceção, os programas de TV.

Bom, voltemos à banda. Tenho pouca experiência sobre bandas de formatura, mas acho, e só acho, que elas deveriam tocar músicas mais animadas, pois é uma festa. Dito isso, saltamos a outro fato:

Nesse momento eu estou na festa e embora algumas linhas acima eu tenha parecido estar no futuro desse tão tedioso evento, estou no passado, ou seria presente? Que seja. A verdade é que ainda corro o risco da banda piorar melhorar.

Eu insistia na taça enquanto meu avô e minha avó reclamavam de alguma coisa. A cerveja e o refrigerante chegam, logo depois os salgadinhos. Olhando um pouco pro lado pego minha tia dormindo sentada, devo dizer que a culpa é da banda com aquelas músicas dos anos 90’s, típicas de fim de seriado. Como alguma coisa e bebo Coca - Cola – nada de cerveja hoje – ignorando totalmente a Fanta laranja, ela tem gosto daquela Vitamina C que eu era obrigado a tomar quando ficava gripado.

Chegou a hora da dança – caralhocaralhocaralho. Minha irmã some com meu padrasto e eu imagino que, por fim, me livrei da maldita dança. Como eu disse, pouca experiência tenho em relação a formaturas, na verdade essa é a primeira. A minha era a segunda valsa, tentei lembrar de todos o filmes que já havia assistido, com certeza em algum deles houve alguma dança. Mas o único filme que se passava em minha cabeça era “Prenda-me se for Capaz”, uma fuga não seria assim tão ruim.

Dancei – ao menos foi o que pareceu – e voltei a me divertir com a taça. Mas notei que iria acontecer uma coisa grande, assim como eu, meu avô não estava muito disposto a encarar aquela festa (ou essa), então ele convoca alguns familiares para partir, eu, que não sou besta nem nada, decidi acompanhar já que estava tarde e alguém teria que zelar pela segurança dos mais velhos.

Essa foi a “minha” primeira formatura e, sinceramente, espero que não tenha uma segunda

Entrevista, ética no jornalismo econômico (Acadêmico)

Em novembro do ano passado (2013) a Profª Adriana Peona, da disciplina Ética e Legislação Jornalistica, solicitou como trabalho uma revista, meu grupo ficou com o tema "economia". Entre as matérias que deveriam fazer parte da revista, era necessário uma entrevista com um jornalista profissional da área, eu me encarreguei disso.

Abaixo, segue a entrevista, sem identificar o jornalista e a mídia em que trabalha, como solicitado por ele. Leia:

Somando mais de vinte anos de carreira, [Jornalista] já passou pela Gazeta Mercantil e pela Exame, agora com quatro anos trabalhando na revista semanal [Mídia], ele nos recebe para falar sobre a ética no jornalismo econômico.

Como é decidido o que vai ou não para a revista?
A informação flui em todos os sentidos possíveis. Desde o repórter mais novo da redação - como estagiário ou repórter novato - todo mundo é fortemente incentivado a trazer informações, trazer ideias. Ninguém na redação tem o direito de sentar e esperar ser pautado. Todos, incluindo o editor chefe, levam as ideias para a reunião de pauta, onde elas são debatidas e é decidido pelo mérito da ideia.

Atualmente no jornalismo econômico a Crise Mundial é muito abordada, qual a posição que o jornalista deve tomar diante disso?
A Crise Mundial não pede um tratamento ético diferenciado, não existe um modo especifico para tratar dela. O que o jornalista precisa é ter um olhar generoso, pluralista, para as várias versões sobre o mesmo fato. O que a economia tem de especifico é o fato de muitos economistas tratarem a economia como ciência exata, como se houvesse apenas uma verdade e as outras são apenas mentira, isso acaba, muitas vezes, influenciando o jornalista, por isso ele precisa ter a noção de estar lidando com uma ciência social e o que existe no meio são interpretações da realidade. O jornalista precisa estar pronto para lidar com essas diferentes visões.

E quando o assunto envolve politica?
A economia tem algumas regras fundamentais que orientam o comportamento do mercado e o governo pode tentar inibir ou estimular o funcionamento dessas regras, mas não suspender algumas delas, como a “oferta e procura”, ou o aumento ou diminuição da inflação, ele [o governo] pode tentar manipular essas forças para dar a versão “dourada” dos fatos, se acontece algo bom, o governo toma crédito dessa ação, se é ruim, ele tenta mostrar que não está tão mal assim. Diante disso, o jornalista precisa ser cético para lidar com o governo, saber apurar para ver o quanto o governo ajudou para aquilo acontecer e quando não tem nenhuma influencia dele, por exemplo, pode acontecer uma coisa péssima que não foi culpa do governo, não foi incompetência dele, algo que iria acontecer de qualquer forma.

E quando envolve uma empresa privada?
Não muda muito. A diferença é o interesse, saber o que o empresário quer é mais fácil do que saber o que o governo quer. O empresário tem um interesse especifico que na maioria das vezes é promover seu investimento e prever o lucro disso, mas quando se lida com o politico nem sempre o interesse é tão claro assim, você não sabe o que ele realmente quer, qual o setor que ele está representando, pode ser um ministro, um senador ou um deputado. Ele pode ter um compromisso com o setor da indústria, você não tem a menor ideia de qual é o objetivo dele, isso não está no seu radar, ele pode ter o interesse de influenciar certa decisão que está em discussão no congresso, isso não tem como o jornalista saber. O jornalista precisar estar aberto ao assunto, existem muitos interesses que permeiam por ali que nem sempre são óbvios.

Existe uma linguagem técnica própria do jornalismo econômico? Quando e como ela é usada?
Existe uma linguagem técnica, mas esse é um fato que eu acho péssimo. Isso não é uma premissa do jornalismo econômico, ou uma característica do bom jornalismo da área, é só o jeito ruim que se faz o jornalismo econômico no Brasil. Essa linguagem não é só na área de economia, esse tipo de linguagem existe em todas as áreas jornalísticas, o jornalista precisa saber quem é o seu leitor, se for uma revista ou jornal mais generalizado não tem sentido para usar uma linguagem muito técnica, o texto tem que ser escrito de modo que um economista entenda, assim como um rapaz de dezesseis anos interessado no assunto vá entender.

E quanto as revistas especializadas?
Essa é uma escapatória para quem decide escrever desse modo são as revistas especializadas, que buscam um público mais próximo do assunto que já tem uma maior noção sobre o assunto. Isso é como uma armadilha.

Quando é tratada uma noticia que possui uma aproximação maior ao público, como o seguro desemprego?
O jornalismo econômico inclui uma boa parte do jornalismo de serviço, usando como exemplo o seguro desemprego, como ele afeta a sua vida e como você usa quando precisar. Tradicionalmente no Brasil, isso é considerado como um jornalismo menos nobre. Existem muitas opiniões difundidas sobre isso, a maioria de jornalistas mais velhos, como se dividisse jornalismo em analise politica e analise econômica, as outras áreas são “o resto”, como se fosse menos importante, o que não é. Esse tipo de reportagem, o jornalismo de serviço, planejamento financeiro pessoal, como usar seu dinheiro, como procurar emprego, tudo isso tem a ver com jornalismo econômico e é um jornalismo extremamente importante.

Quais são os conflitos éticos mais enfrentados nessa área do jornalismo?
Esse é um ambiente muito envenenado, onde você se depara com muitas visões diferentes. Nos últimos anos aqui no Brasil tivemos o governo do PSDB e o do PT que acabaram criando uma polarização politica e econômica. Pode-se usar outros nomes, mas os mais entendidos no Brasil são os Liberais [direita], de um lado, e os Desenvolvimentistas[esquerda], do outro. O liberal quer que o mercado se movimente sem a intervenção do governo, enquanto o desenvolvimentista quer que o governo atue firmemente perto das empresas para promover o crescimento da economia. O jornalista pode acabar virando um militante de um dos dois lados, quando você vai para um lado ele te mostra que tudo feito daquela forma pode dar certo, esse lado vai dar uma visão de mundo perfeito se você não ouvir o outro, e o jornalista acaba se acomodando daquele lado acreditando que suas fontes sabem o que é certo, até ele ouvir o outro lado e ver que ali também dá tudo certo. Então é preciso ouvir os dois lados e temperar a sua matérias com essas visões da realidade, como eu disse, não é uma ciência exata, mas é preciso chegar a um ponto analítico sobre o assunto.

Você já enfrentou algum desses conflitos?
O tempo todo, inclusive, já fui processado.  No caso não foi a minha interpretação dos fatos que me resultaram um processo, mas sim um deputado envolvido em esquema de corrupção, era uma reportagem que tinha certa relação com economia.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Dia de Clássico

Dia de Clássico. Acorda cedo e prepara o manto. Empolgado há cinco dias, sai pra rua cantando. O vizinho que até ontem era chato e filho da mãe, hoje é amigo de infância. São as cores, aquelas cores, que provocam a mudança.

O hino toca o dia inteiro, até a hora da partida. Se reunir com os amigos já faz parte da rotina. Segue pelas ruas cantando, mais feliz do que imagina, é dia de Clássico, é dia de alegria.

Está quase na hora, já estão todos reunidos. A geladeira cheia de cerveja, típico de um Clássico de domingo. O sofá é a arquibancada e os amigos, a torcida. São muitos estádios, do apartamento à padaria.

Os gritos da organizada soam em alto e bom som, na rua, alguns passam xingando, enquanto outros ajudam cantando. É dia de Clássico, é dia de ousadia.

Então sai o gol, seguido por gritos enlouquecidos de euforia. Voa a cerveja, o churrasco, o amigo e a mobília. A sensação é inexplicável, só vão saber aqueles que amam um Clássico.

Não é fanatismo, não é doença e nem amor pela camisa. Vai muito além, está na alma, na pele. É o amor de uma vida.