quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Infância

Encaro a morte desde cedo. Disso certamente não me lembro, mas apressado que fui, cheguei ao mundo com sete meses. Segundo familiares, foi dureza, mas cresci forte. Não sei bem de onde começam as minhas memórias, pois quando ainda era um garoto encarei a morte pela segunda vez. Cai da escada e mais uma vez passei uns dias desacordado no hospital.

O QUINTAL

O que lembro são fragmentos. Com alguns problemas que me acompanham desde meu nascimento, sempre fui favorito pelos mais velhos, mas quando muita atenção é dada a você, logo não há espaço para peraltagens. Fiquei mais tempo do que queria em casa e quando finalmente podia passar meus dias na rua, percebi o quanto isso era chato, sempre voltava para casa cedo. Tive a sorte de ter um quintal de terra, onde meu avô plantava chuchu e algumas ervas para chá, era uma boa bagunça.

Aquele quintal de terra era meu forte, onde eu brincava de solidão. Não me importava muito com isso, sempre tive muitos brinquedos. O quintal foi diversas coisas, foi um campo de guerra para os meus Comandos em Ação, também foi uma cidade grande com prédios e tudo mais. Lá enterrei vários tesouros, mas nunca os encontrei. Desconfio que meu primo (mais velho que eu) os desenterrou de imediato e isso explicaria porque um dos meus X - Men foi achado junto com seus brinquedos anos depois. Lá também eu criei meu primeiro RPG de "tabuleiro", era completo, possuía monstros e heróis, armas e armaduras e as regras eram bem feitas para que o jogo fluísse bem. Houve muitas jogatinas solitárias, mas eram incríveis e longas.

FAMÍLIA

Minha maior aventura era ir a oficina do meu avô. Lá, uma marcenaria, eu fazia grandes aviões e me tornava um piloto (sonho que carrego até hoje), ou então virava um cavaleiro templário com espada e escudo em mãos. Acho que essa era a minha maior diversão.

Desde que cai da escada não lembro de muitas coisas, ou talvez já não lembrava, isso que nunca vou saber. Mas acho estranho não ter muitas lembranças de meus pais, sendo que passei a maior parte do tempo com eles. Lembro bem das tarde (que eram quase todas) em que minha mãe fazia seus deliciosos bolos, ou quando gravava os episódios de Pokémon para eu assistir depois da aula. Lembro do meu pai, em quase todos os finais de semana íamos juntos visitar os meus avós paternos, eu contava os dias para ir, pois sempre ganhava dez reais para gastar na banca de jornal do outro lado da rua. Porém, não lembro de nenhuma conversa, vai ver é assim que os adultos tratam as crianças, seu dar muita credibilidade a qualquer coisa que seja. Acho que vou descobrir no futuro, ou então também deixo passar despercebido.

ESCOLA

Lembro menos ainda dos meus dias na escola. Nunca fui muito popular, mas também não sofria esse tal de bullying. Eu era esperto o suficiente para ficar na minha e evitar essas situação, na verdade eu não ia com frequência para a escola, mesmo assim me dava bem em todas as provas.

Era estranho demais para mim ter aquele monte de gente em um lugar só onde todos eram "amigos" sem nem mesmo se conhecerem. Amizades de escola são raras, entendemos isso depois de crescidos. Não estou dizendo que é algo impossível, ainda tenho alguns amigos que estudaram comigo, mas ainda assim acho isso um tanto como estranho, vai entender.

ADOLESCÊNCIA

Quando passei para o colegial eu já sabia que as coisas só iriam piorar e foi o que aconteceu. A escola era longe de casa, só o caminho tomava o meu dia. Mas ainda não quero falar disso, é como mexer naquela lata com lembranças guardadas, que quando você abre promete a si  mesmo que nunca mais vai fazê-lo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A estrada é longa e o tempo é curto

Fiz uma lista do que tenho feito ultimamente:
- Trabalho intenso;
- Noites mal dormidas;
- Atitudes erradas;

Fora aquelas coisas das quais nem sei como escrever. Tenho me deixado um pouco de lado, minha proatividade tem funcionado muito bem, porém tem sido direcionada apenas a outras pessoas. A estrada é longa e o tempo é curto, preciso buscar novos lugares, novas pessoas e novas promessas. Como diria o poeta Lucas Silveira: "Lá pode ter um novo amor para eu viver... tudo pode estar lá."

Não mudei muito desde a ultima vez que apareci por aqui. Ainda não sei bem o que quero, mas acho que estou próximo dessa grande descoberta. Talvez esse tempo confuso seja o que preciso para entrar novamente nos eixos. Essa ano foi péssimo, perdi amigos por coisas que não valem nada. Ouso dizer que esse ano foi uma completa perda de tempo.

Mas a estrada é longa e o tempo é curto. Levanto a cabeça mais uma vez e agora posso ao menos imaginar até onde conseguirei ver.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Jaqueta velha

Não sei bem o que esse texto significa, dizer que é um agradecimento seria deveras estranho. Mas há uma coisa que já me acompanhou em diversas jornadas. Me protegeu em noites geladas e acolheu muito bem grandes amigos. Ah! Minha velha jaqueta velha! Sempre que a pego para usar, as vezes até sem necessidade alguma, me vem aquele tipo de lembranças, algumas bem distantes e outras que podem ter acontecido ontem mesmo. Olho para ela e vejo seus braços (bem na altura do cotovelo) bem gastos, resultado de uma coleção de histórias e aventuras. Seria ousado demais da minha parte, com essa memória que pouco me ajuda, lembrar há quanto tempo ela está comigo, mas posso afirmar que já se foi um bocado de tempo, mesmo assim o apego é aquele que se tem por uma roupa nova, afinal, nada pode substituir a minha boa jaqueta velha.