quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O dia em que decidi enlouquecer

Tenho sido surpreendido por pensamentos estranhos, mas sempre que paro e lhes dou mais atenção percebo que não poderia ter chegado a outro lugar. Fui tomado por uma repulsa a humanidade e contrariado pelo medo de me tornar um bastardo de família e amigos.

Por alguns dias tive mais medo ainda de ser uma forma de depressão, não sei como isso chegaria e muito menos como eu poderia lidar com o problema. Então pensei em suicídio, como eu faria. Pensei em usar o machado que guardo ansioso pelo momento em que alguém venha me intimidar, mas não daria para ser do jeito formidável como os vikings usam sua brutalidade, abandonei a ideia de suicídio e fui ler um livro.

Mas os dias continuaram tortuosos, então comecei a entrar duas horas mais cedo no trabalho e sair mais tarde, só para manter a cabeça ocupada. Mas a questão voltava sempre que eu vacilava e me obrigava a ficar alguns segundos parados, aquelas pausas relaxantes para um café passaram a ser estressantes, me deixando ainda mais revoltado.

Deixei as redes sociais de lado e mantive o contato só com aqueles com quem sou obrigado. Tive medo de me perder em meio a toda agustia e cheguei a pensar que estava enlouquecendo. Mas talvez eu tenha enlouquecido desde os meus 18, o que faria mais sentido. Por muitas vezes tentei falar, mas ninguém escutou, ou eu mesmo não soube dizer, que seja.

Então cheguei em casa, fiz a barba, tomei uma cerveja, coloquei um filme do Bergman e decidi que já tinha chagado a hora de enlouquecer.