domingo, 27 de outubro de 2013

O dia em que eu fui o Batman

Existem muitos heróis por ai. Pequenas boas ações fazem das pessoas heroínas todos os dias, mas o meu caso foi diferente, não fui apenas um herói, nessa história que vou lhes contar, eu fui, acredite, o Batman.

Escadas rolantes podem ser bem perigosas, já vi muitas pessoas se darem mal nelas, minha irmã é uma. Quando há uma união entre a escada rolante e o celular, sua ida ao shopping se torna algo perigoso - existe uma diversidade enorme de coisas que se tornam perigosas quando feitas com um celular em mãos - tanto para você quanto para outras pessoas que estiverem por perto. Para terminar os fatos da quase tragédia, vemos essa crescente de mulheres novas que ainda procuram aproveitar a vida, mas que foram irresponsáveis o suficiente para ter um filho no trajeto.

Vamos fazer uma fração letrada:

Uma mulher desatenciosa + um celular na mão + uma criança (que deveria estar no lugar do celular) = Acidente

Bom, a mulher caminhava com o celular na cara como se fosse uma cega, e a necessidade de escrever mais rápido era maior do que a segurança de seu filho. Eu, como de costume, tinha ido ao sanitário - para mais o que o shopping serve? - e me sentia pronto para ir embora, quando escutei um grito que dizia: "Mãe!" Então fui rapidamente em direção ao grito e encontrei uma criança preparada para sofrer um acidente - até para sofrer um acidente é necessário um preparo, ou você pode errar o chão e sair voando.

Quando notei que mais ninguém havia prestado atenção ao que acontecia - pois as pessoas se ocupam com as vitrines cheias de roupas feias - corri até a criança que já estava colocando o pé no primeiro degrau, em um movimento que precedia uma série de eventos desastrosos, e a peguei no colo. A parte mais, desculpem a palavra, filhadaputamente engraçada da história é que durante o momento em que eu descia com a criança no colo a mãe dela não fez nem questão de olhar para trás para ver como o seu filho estava.

Claro, isso não me tornava o Batman, qualquer um poderia ter feito. Mas NÃO ENTRE EM PÂNICO, eu vou chegar lá.

Quando cheguei no andar de baixo e a mulher percebeu que seu filho estava em meus braços, me olhou com aquela cara de "puta merda, esse cara vai se sentir um herói agora", e ela estava certa, como todo bom filho da puta - me desculpem novamente - eu me senti um herói! Mas mesmo assim, como uma boa menina que ela queria aparentar ser, me agradeceu, consenti como se salvar crianças em escadas rolantes fizesse parte do meu dia.

Mas o climax da ação havia chegado, era hora de mostrar quem eu realmente era. O garoto, com toda a inocência que uma criança há de ter, olhou para mim e disse: "Brigado, moço." E eu, com toda a minha bagagem nerdica, vesti minha armadura imaginário e respondi: "I'm Batman!"

Sim, totalmente incoerente, mas creio que isso possa se transformar em algo bom no imaginário de uma criança, apesar de crer mais ainda que não. Mas no fim, eu não era o Batman, precisava ir para casa, isso significa trem lotado e é preciso ser muito herói para enfrentar isso, então talvez eu seja mesmo um herói, o que mais explicaria a insistência de sobreviver no Brasil?