terça-feira, 13 de junho de 2017

A solidão e a saudade

Uns dias atrás fiz um dobradinha mineira. Li muito sobre o longa O Homem das Multidões (Cao Guimarães e Marcelo Gomes, 2014) em seu lançamento e desde então quis assistir ao filme, porém não tive a oportunidade. Enquanto esperava o começo do filme, assisti outro longa mineiro, Depois Daquele Baile (2006), que estreia o diretor Roberto Bomtempo e traz um elenco de peso.

A saudade

Marcos Caruso, Irene Ravache e Lima Duarte

Um elenco forte (como pode ser visto na imagem acima) e uma história simples, desde que bem amarrada, é o que dá aquela sensação de tempo bem aproveitado em um final de domingo. É isso que o diretor Roberto Bomtempo nos entrega em Depois Daquele Baile.

Com brilhantes atuações de Marcos Caruso, Irene Ravache e Lima Duarte, a história nos mostra um triangulo amoroso entre amigos. Esse relacionamento traz nostalgia a alguns personagens e vemos concepções diferentes do passado de cada um, enquanto Caruso sente falta do que passou, Lima Duarte tenta esquecer e fica desconcertado sempre que o assunto entra em destaque. Já Ravache (que atuação!) está feliz com seu presente e mesmo achando o passado essencial para sermos quem somos, vive um dia de cada vez, sem pensar muito no amanhã.

Embora simples, o filme traz boas surpresas que nos deixam mais envolvidos com os personagens. Em alguns momentos procurei o motivo do título, até achei que ele apareceria mais para frente e é isso mesmo, mas sempre, como garante Caruso, remetendo o passado.

A solidão

Juvenal, interpretado por Paulo André

Já em O Homem das Multidões não vemos nem futuro, nem passado, só uma solidão aterradora apresentada em um formato angustiante. Juvenal, interpretado por Paulo André, é um maquinista que, mesmo cercado por muitas pessoas nas plataformas de Belo Horizonte, é dominado pela solidão, mas não é o único a viver isso no filme, Margô, controladora de uma das estações, também toma suas doses desse sentimento.

É intrigante a forma como o filme ocorre, seu formato (como se fosse um tela de celular) nos deixa ainda mais próximos dos personagens e isso nos transmite ainda mais seus sentimentos, até o momento que pensamos em como conseguem viver assim e procuramos, como se fosse com um amigo próximo, uma solução para esse problema.

Cao Guimarães e Marcelo Gomes podem ter a certeza que têm em suas filmografias um excelente trabalho, não que eu seja um especialista no assunto, mas qualquer um que entenda o minimo de cinema e deixe de lado esse preconceito bobo com produções nacionais, que infelizmente muitos carregam, saberá que está diante de uma grande obra, simples e econômica, mas rica em toda a confusão e solidão que deseja transmitir.