terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Doando infância

Há tempos atrás separei alguns livros que pretendia doar para alguma pessoa ou biblioteca. Hoje decidi entrar em contato com a Biblioteca de São Paulo e ver qual era o processo de doação, então me pediram a relação de livros, eu não imaginava o quanto isso seria difícil.

Lembranças podem ser um grande problema para quem é tão apegado a ela, e que não entendam essa apegação como algo negativo. Enquanto revia os títulos com a certeza de que daqui uns dias não seriam mais meus, me vi passando de marujo a capitão, andando pelas ruas de Ouro Preto e procurando soluções para problemas familiares. A viagem a Angola e os perigos ao ser emboscado por piratas, mercenários e criaturas monstruosas. Tudo o que me carregou da infância à juventude com grande maestria. Difícil desapegar, a vontade que tive foi de colocá-los novamente na prateleira e não deixar que ninguém mais os visse.

Mas ainda assim, desejo doar tais livros, não como um modo de inflar meu ego sendo um bom feitor, mas compartilhando a histórias que me levaram a ser quem sou e crendo que as crianças que têm hoje a idade que eu tinha quando os li, acreditam que a linha que divide a realidade do imaginário é tênue e, por vezes, vale a pena se perder do outro lado.

Quem sabe isso leve outros amigos, ou leitores aqui do blog, a praticarem a mesma ação. Se pensarmos bem, esse apego pode ser resolvido com idas futuras a biblioteca, onde os livros estão sendo bem cuidados por aqueles que também os adoram e os devoram vorazmente.

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